O Abraço

Neusa Glória dos Santos: Onde está aquele abraço caloroso que se dá a um amigo?

25 de SETEMBRO de 2017



Onde anda aquele abraço de ternura e carinho em sua mamãe, papai, vovô ou vovó? E aquele, solidário, sincero, quando alguém perde um ente querido? E o abraço de seu aniversário ou de gratidão? E aquele inesperado em que você chega com um lindo buquê de rosas, as mãos escondidas atrás do corpo para não perder a intensidade da surpresa? E aquele que, independente do sol ou da chuva, aquece você?  Aquele abraço em início de namoro em que suas pernas ficaram trêmulos, seu coração acelerado e mesmo em meio a uma torrente de águas você ainda conseguiu visualizar uma centelha que brilhava no firmamento e uma luz que irradiava ser? Não sei se é o tempo que muda ou nós quem mudamos com o tempo. Novas estações, primavera, verão outono e inverno. No verão, o calor intenso lá fora, dentro, vento sul... No outono as folhas caem, no inverno o corpo físico aquecido e gelado o coração, na primavera, muitas flores adornando o mundo, rosas de todas as cores nas floriculturas, rosas que falam, mas também muitas rosas que não falam mais. Aquele cartão prometendo amor eterno, já amarelecido e nenhum outro em seu lugar. Aquela folha com botão de rosa vermelha, que você guardou entre as páginas de seu livro, murcha e sem vida, está.

Como anda a sua convivência? Como anda o seu relacionamento de meses e até anos em que você adornava a mesa do jantar com luz das velas? Um suave aroma aspirado entre a sala de jantar e seu quarto? E a música suave acariciando seus ouvidos e sua alma em festa? As recordações em que você vivencia como saudade? E as que, com veracidade cruel, se tornam constrangedoras e frias?

Sinto as dificuldades de um apelo, a lembrança que projetaria os acontecimentos em linha uniforme, sem levar em conta épocas e sentimentos que modificam o tempo e a vida. Depois chega um tempo em que, de repente, tudo parece invertido. Vive-se por fragmentos, no espírito e nos pensamentos. Não bebemos mais o mel que adoçava nosso dia, tudo que vem à tona com precisão matemática, fizeram-se desordenadas. Sábia, a natureza, nossos desejos se rejuvenescem e recomeçamos como se o recomeço apagasse o ontem, assim como apagou a luz daquelas românticas velas.

Aqui escrevo, sem a preocupação de me organizar no deslizar dos teclados, quanto menos organizada, maior é a fidelidade ao transmiti-la. Pureza, sentimento, dor, lembranças, abraços, promessas, em estado bruto, sem lapidações. Balzac tinha sempre a ideia de "ordenar a vida". Era isso que ele queria dizer quando afirmou: "O que Napoleão começou com a espada, eu acabei com a pena". Na verdade, os nossos escritos, as nossas mensagens, o nosso exterior e interior se combinam. A obra reflete o personagem e o protagonista é feito à imagem do autor e de sua obra, do que ele realmente é e sente. Simplesmente, nós, humanos, dirigimos e modelamos os acontecimentos e fenômenos com os quais nos defrontamos e só reagimos àquilo que contém uma parte de nós mesmos. Mesmo assim, procuramos sempre, vivermos simples e sabiamente. Viver, rir, se doar, perdoar e amar. Amar é a forca maior do mundo. Não tenhamos medo das coisas as quais nos chocamos, nenhuma experiência e realmente má. Distender-se, abandonar-se, crescer e viver desarmado. A Vida é a maior dádiva de Deus. Tudo passa.

Por Neusa Glória dos Santos

LEIA TAMBÉM :

RETROSPECTIVA

Hoje estou com saudades de ontem

O ontem pra mim foi amor

O silencio de longos meses e dias

Trouxe em mim, meditação, verdade e dor

A dor do imperdoável, mas perdoável

A dúvida em meus próprios sentimentos

Lembranças que corroem a alma

Lembranças que trazem calma

A vida é uma caixa do inesperado

Envolve-nos em círculos imagináveis

Ensina-nos a vivê-la e enfrentá-la

Caminhando por passos insondáveis

MINHA ALMA

Minha alma baila suavemente

Ao ouvir o cantar dos pássaros

Em perfeita harmonia com o universo

Assim, vejo a natureza outonal

Folhas secas caindo pelo chão

Umas verdes, outras amarelas e pisadas

O vento destruindo-as sem paixão

Mas a leveza do meu espírito

Permanece plena e feliz

É o amanhecer de um novo dia

Confiante no que Deus me diz 

Segue em frente, ovelha minha

Glorifica, canta e agradece

Porque estou à sua frente

Alimento espiritual que permanece

Viva o milagre da Vida

Tudo renascerá, folhas, árvores e montanhas

Há um Deus que nos fortalece

Porque a Vida arde em suas entranhas.

Sobre a autora:

- Primeira mulher nomeada oficialmente Delegada de Policia Civil no Estado do Espírito Santo

- Primeira mulher a Dirigir um presídio masculino com 400 detentos

- Primeira e única mulher a acumular as funções de Diretora dos presídios masculinos e feminino ao mesmo tempo, sendo à época entrevistada por Caco Barcellos no programa Fantástico, da Rede Globo

- Primeira e única mulher escritora e membro da Academia feminina Espirito-Santense de Letras na Instituição Policial Civil doES

- Ocupou todos os cargos na hierarquia da Polícia Civil, tendo sido aposentada como Corregedora Geral da Polícia Civil

.- Autora de vários livros e participação em Antologias da Academia Feminina Es.santense de Letras. Declamadora e Poetisa.




Portfólio TV PORTFOLIO TV

Jacques Varnier entrevistado por Luiz Alberto

Jacques Varnier entrevistado por Luiz Alberto

Larissa Tomásia entrevista por Luiz Alberto

Larissa Tomásia entrevista por Luiz Alberto

Jakelyne Oliveira entrevista por Luiz Alberto

Jakelyne Oliveira entrevista por Luiz Alberto

Paolla Oliveira

Paolla Oliveira

Paolla Oliveira

Todos os direitos reservados l Copyright c Revista Portfolio Brasil 2017