Queridos leitores, ultimamente tenho andado ansioso para chegar o domingo. Adivinhem, domingo é dia de capa e dia de entrevista. Estamos na décima terceira entrevista e eu não me canso de me surpreender. O nosso Stalkeado de hoje, ou entrevistado como preferirem, é o Caio Paduan. Ator de teatro, TV e cinema com uma alma gigante. Há um tempo, ele, a mulher Cris Dias e o enteado Biel caíram na estrada! Desapegaram de tudo. E na tentativa de viver com e extremamente essencial, a família foi se materializando, se espiritualizando e se alimentando da sabedoria que o contato com o desconhecido, pessoas diversas e absorvendo o melhor na vida. Entraram na Vanda, uma van cheia de bossa onde dormem, cozinham e circulam pelo país. Nesta entrevista, o Caio falou comigo via Zoom em meio ao trecho Rio-São Paulo num posto de gasolina estilo rodoviária, de onde pude até ouvir a chamada do próximo ônibus para a capital paulista. Cada entrevista uma história. Isso me faz cada vez mais feliz e agradecido de exercer minha profissão. E como disse para vocês, tudo que subverte a ordem natural, tudo que é diferente me fascina! E esta entrevista foi bem mesmo assim. Eu aqui torcendo para que vocês gostem deste bate-papo muito bacana com o querido Caio Paduan.
CAIO PADUAN: Tá me ouvindo?
LUIZ ALBERTO: Oi Caio, estou te ouvindo super bem. Só está faltando a imagem.
CAIO PADUAN: Eu vou ligar a luz mais forte que eu tenho aqui. Botei a boina para esconder a bagunça, porque está uma chuva danada. Peço desculpa às pessoas pela cara, porque estou na estrada.
LUIZ ALBERTO: (Risos)
CAIO PADUAN: Não só de quem está, mas de quem vive nela. Falaremos sobre isso.
LUIZ ALBERTO: Aaaa... Ótimo! Agora estou te vendo.
CAIO PADUAN: Até meu forninho está em close. (risos)
LUIZ ALBERTO: (Risos) Como você está? Marcamos às 17:17hs, mas, infelizmente não deu! Eu estava prontinho. Foi você que atrasou hein? Culpa sua... (risos)
CAIO PADUAN: (risos) Eu vou te falar uma coisa, costuma-se dizer que a gente quer controlar o tempo e estando na estrada descobri que é impossível.
LUIZ ALBERTO: Mas o que você está fazendo na estrada?
CAIO PADUAN: Eu sou apaixonado pela estrada desde muito jovem. Desde que tirei carteira de motorista me joguei na estrada. Então, conheci uma parceira estradeira também, minha mulher Cris Dias, e aí, no meio dessa pandemia, revisitando alguns valores, todo mundo passou por isso, não é?
LUIZ ALBERTO: Com certeza.
CAIO PADUAN: A gente passou por essa coisa de olhar mais para dentro, olhar para o próximo. Um exercício emocional do tipo quanto você é capaz de amar? Acho que foi um teste para as pessoas. E aí, nós decidimos, em agosto do ano passado, sair da casa que estávamos, estava montadinha, morando eu, ela e o Biel, meu enteado, sei lá, as coisas pararam de ter significado, sabe? Coisas, coisas, coisas...
LUIZ ALBERTO: Quase tudo que tínhamos, de uma certa forma, foi perdendo o valor.
CAIO PADUAN: Para que tanta coisa? O que de fato você está comprando, para te preencher algum vazio e que talvez nunca te preencha, porque sempre uma parte falta, porque o ser humano é insatisfeito por natureza. Essa parte que falta, acredito que talvez seja Deus, que cada um procura à sua maneira. A estrada veio no final do ano, na virada. E aí, papo vai papo vem, precisávamos de um carro maior porque a gente estava nômade. Depois que abandonamos a casa em agosto, ficamos vivendo em casas por temporadas, aluguel por temporadas, hotéis, a casa dos fundos da minha mãe, a casa dos fundos da avó da Cris.
LUIZ ALBERTO: Que legal! Aventura demais eu acho.
CAIO PADUAN: É, a gente se desfez da maioria dos bens, móveis, essas coisas grandes, roupas e ficamos com o que realmente era necessário. O que é necessário para você? A família que é necessário, não importam as coisas, não é? Mas aí na virada do ano veio a ideia de ter um carro maior porque estava ficando apertado, temos dois cachorros grandões...
LUIZ ALBERTO: (Risos)
CAIO PADUAN: A ideia foi, “vamos tentar uma van!” Então essa é a história da Vanda (a Van da familia), cuja a Cris é a idealizadora. Eu só olhei e falei: “Vamos, né?” Eu vou falar não? Jamais!
LUIZ ALBERTO: E para quem curte estrada, um prato cheio! (Risos)
CAIO PADUAN: E a gente tem andado pelo Brasil desde fevereiro, já há alguns meses.
LUIZ ALBERTO: Você se sentiu feliz? Desapegou? Tá feliz?
CAIO PADUAN: Nossa! Eu não sei explicar. É transformador! A estrada é... Tem muitas metáforas em relação à estrada. Não sou eu. Músicos, artistas, poetas, usaram muito a estrada como metáfora. Eu sou umbandista e a estrada representa muita coisa na Umbanda também, a gente aprende muita coisa na estrada.
LUIZ ALBERTO: Axé!
CAIO PADUAN: Axé! E a estrada ensina muito. Principalmente quando estou sozinho, aliás, das duas formas. Sozinho ensina pelo silêncio, por você olhar para dentro e entender muitas coisas. Outro dia um amigo me enviou umas mensagens tão bonitas que ficou na minha cabeça. A estrada representa a vida. À noite, ilumina apenas uma parte próxima à sua frente, à frente do carro, você não consegue iluminar tudo. Então, essa parte iluminada é o seu presente, é o que você vive todos os dias, é o presente. Lá na frente é o futuro, é o escuro, você não viu ainda, não chegou no futuro ainda.
LUIZ ALBERTO: Nossa, que analogia perfeita!
CAIO PADUAN: E lá para trás, você até passou por lá e experienciou, mas se você olhar para trás, está escuro também, o passado já foi. Você aprendeu com ele, viveu com ele, errou, acertou, viveu, experienciou e chegou até esse presente que você está! Iluminando, então, valorizo o presente. O presente não chama presente à toa, não é?
LUIZ ALBERTO: Sensacional! Sensacional! E principalmente na sua empreitada de largar tudo e seguir na estrada. Você conhece coisas novas, pessoas diferentes.
CAIO PADUAN: É lógico que a gente tem uma rede de apoio fantástica. Minha mãe está em São Paulo numa casa. A Cris está ficando mais em São Paulo porque está na Band, acabou de terminar a cobertura incrível que eles fizeram nas Olimpíadas, arrasaram foi lindo de ver. A Olimpíadas foi incrível, adoro, acompanho. Então, acaba que a gente enraíza mais em São Paulo, como base. Mas a Vanda me faz ir e vir, nos faz ir e vir. Enfim, somos estradeiros de natureza e não vamos abandonar nunca.
LUIZ ALBERTO: Péraí! Como é o nome da sua Van?
CAIO PADUAN: Vanda. Vanda Vambora!
LUIZ ALBERTO: A Vanda. (Risos) Então é a única que a Cris não tem ciúmes.
CAIO PADUAN: Ela não tem ciúmes de mim.
LUIZ ALBERTO: Então nao pode ter ciúmes da Vanda...
CAIO PADUAN: Não tem de nenhum! A Vanda é uma parceira.
LUIZ ALBERTO: Ela é uma parceira. Companheira de vocês dois. Hahahaha
CAIO PADUAN: Exatamente! Companheira da família. Ela nos leva, nos traz.
LUIZ ALBERTO: É da família. Você vai ter muitas histórias para contar no futuro sobre essas viagens.
CAIO PADUAN: Um bocadinho, viu? Já passamos por poucas e boas, já passei por poucas e boas.
LUIZ ALBERTO: Mas tem o lance bom de conhecer gente nova também. Não é?
CAIO PADUAN: Conhecer lugares, ficar próximo à natureza, conhecer muitas pessoas legais. É engraçado, o coração do brasileiro está nas estradas e nos interiores. Você recebe ajuda, água, alguém que te ajuda a erguer a caixa d’água que cedeu no meio da estrada de Peruíbe... de repente, aparece alguém, uma alma boa e pergunta: “Você quer uma ajuda?” “Poxa, uma? Eu quero três!”
LUIZ ALBERTO: Que legal! (risos)
CAIO PADUAN: A gente vai encontrando almas boas assim. A estrada é difícil. Parece fácil, mas não é. Não é um conto de fadas, sabe? Não é um filme. O filme é editado. Até para filmar foi difícil. A vida real é outro rolê.
LUIZ ALBERTO: É outro rolê. Muito bom isso tudo. Eu ia começar falando da sua carreira, mas, você começou contando essas histórias que eu achei fascinantes.
CAIO PADUAN: Então, foi por isso que falei, a gente tentou esta entrevista às 17:17, mas não deu. Ia começar pela carreira, mas começou pela estrada porque na estrada a gente não controla. A gente vive, só.
LUIZ ALBERTO: Não controla, não tem jeito. O tempo não para, já dizia o poeta.
CAIO PADUAN: Exato. Um dos maiores poetas que já tivemos.
LUIZ ALBERTO: Vamos falar de carreira então?
CAIO PADUAN: Vão bora!
LUIZ ALBERTO: Foi com 16 anos você fez o Rei Arthur em Avalon, foi descoberto e entrou logo para Malhação, maior vitrine para o artista, maior escola, tudo.
CAIO PADUAN: Só vou corrigir a idade, eu tinha 23 para 24, eu tinha 24 já. 16 é quando começo o teatro na escola. Com 24 é quando estava fazendo Avalon, já era formado há um tempo, isso foi em 2011, eu era formado desde 2007. Já tinha feito alguns espetáculos, já estava suando o cabelo por aí. Sou formado palhaço também.
LUIZ ALBERTO: Olha, que legal!
CAIO PADUAN: Passei um tempo na palhaçaria. Dei aula de teatro, enfim, até a Malhação foram cinco anos. Depois de se formar, você sai para a luta no escuro. Hoje parece que tem muito mais acesso, as redes sociais ajudam bastante, os contatos estão aí, muita produção. Agora, na época, era desbravar um mato que você não conhecia. Não tinha muito acesso aos produtores de elenco, quem são, quem tinha o e-mail era o detentor do e-mail do produtor de elenco...
LUIZ ALBERTO: (Gargalhadas)
CAIO PADUAN: Era uma batalha! E Malhação chegou num momento que eu estava feliz fazendo um espetáculo no SESI da Paulista com grande elenco. Nomes grandes do teatro paulistano, nomes muito legais como Ando Camargo, Luiz Amorim, tinha uma galera muito legal, Ana Elisa Matos, direção da Karen Acioly, e o projeto todo da Lucélia Santos. Foi um prazer estar com ela no palco.
LUIZ ALBERTO: Nossa, que bacana, Lucélia.
CAIO PADUAN: Uma gigante, gigante.
LUIZ ALBERTO: Gigante! Amo Lucélia, amo.
CAIO PADUAN: E eu tinha até mandado um e-mail. Sabe quando você manda um e-mail no início do ano, sabia que ia ter Malhação, os atores todos sabem, eu tinha 24 anos, olha como era minha cabeça, “Acho que estou velho, com 24...”
LUIZ ALBERTO: (Gargalhadas)
CAIO PADUAN: “Eu acho que estou velho! Passou, né? A galera tem 18, 19”. Se você vir minha carinha na época... Por isso que você falou que tinha16 anos (risos). Eu tinha uma carinha bem lisa, não tinha um fio dessa barba! Tinha uma carinha, com 24 tinha essa carinha. Aí eu mandei. Meio que não rolou, ninguém respondeu. Sei lá! Também mandam 1000 e-mails. É muito difícil. É muito ator, muita atriz, muita gente buscando, muitos sonhos envolvidos. E aí, um produtor de elenco foi assistir ao espetáculo para ver outro ator. Eu até agradeço a esse ator...
LUIZ ALBERTO: (Gargalhadas)
CAIO PADUAN: Ele assistiu ao espetáculo, passou uma semana e me ligou. “Olha, eu estou fazendo os testes para um personagem tal...”Eu tinha um cadastro, eu tinha feito aquele cadastro. As pessoas me perguntam, “como você entrou?”
LUIZ ALBERTO: Eu conheço esse cadastro do tempo da Guta.
CAIO PADUAN: Ah... Olha aí! Viu? A Dona do Cadastro.
LUIZ ALBERTO: Você lembra de Guta¹? Eu fui na sala dela.
CAIO PADUAN: Zeca Vitorino, Leo Gama, Renata Medeiros... É uma turma.
Nesse momento a comunicação é interrompida. Caio deu um pulo e sumiu da tela. Voltou contando o motivo. “Alguém foi tirar foto e eu tomei o maior susto.”
LUIZ ALBERTO: Coisas da estrada... A gente estava falando da sala de Guta. E Guta, para quem não sabe, que está lendo esta entrevista, era diretora de elenco da Rede Globo. E era ela quem atendia todo mundo numa salinha em frente ao prédio da Globo, no Jardim Botânico, no Rio, no lado de uma padaria, e essa salinha era lotada de pessoas. Era uma loucura. Eu vi muita gente lá que hoje é sucesso. Eu fui lá visitar por que fazia parte do sindicato, o SATED-RJ. Apesar de ter nascido e atuado, como diretor de produções artísticas em Vitória. Não havia, a época, o sindicato por lá.
CAIO PADUAN: Você é de Vitória?
LUIZ ALBERTO: Sou de Vitória.
CAIO PADUAN: A gente está falando de Malhação e tem umas coincidências que não tem como esquecer. Meu personagem, o Gabriel, era de Vila Velha, no Espírito Santo.
LUIZ ALBERTO: Vila Velha, na região metropolitana de Vitória. Um lugar lindo, maravilhoso.
CAIO PADUAN: Sempre que eu ia para Vila Velha, o pessoal ficava muito feliz porque o personagem era de lá. Eu me lembro disso, o personagem era do Espírito Santo e falava que era de lá. Que legal essa coincidência.
LUIZ ALBERTO: Eu fui de Vitória para o mundo, que é São Paulo. Mas, minha terrinha está sempre no meu coração. Tenho grandes amigos. Hoje vivo entre São Paulo e Vitória.
CAIO PADUAN: Qual é a melhor moqueca, hein?
LUIZ ALBERTO: Nossa, rapaz, você experimentou a moqueca? Isso é moqueca, hein?
CAIO PADUAN: Hahahaha... Sabia... Eu tenho uma camiseta inclusive dizendo sobre moqueca e atrás uma receita
LUIZ ALBERTO: Dizendo: “Moqueca é capixaba, o resto é peixada?” (risos)
CAIO PADUAN: Escrito Moqueca Capixaba e todos os ingredientes. Eu ganhei lá.
LUIZ ALBERTO: A gente fala que “Moqueca é capixaba, o resto é peixada!”. Para ter uma rixa com a Bahia, entendeu? (risos)
CAIO PADUAN: Eu sei bem. Uma rixa com a moqueca baiana.
LUIZ ALBERTO: Mas a gente ama a Bahia. Está tudo em casa.
CAIO PADUAN: Exato. Eu falo que a Bahia é a mãe do Brasil.
LUIZ ALBERTO: É porque a moqueca deles leva leite de coco e azeite de dendê que a nossa não leva. É muito boa nossa moqueca. Mas então, voltando lá na Globo, eu fui visitar a sala de Guta e visitar a Rede Globo.
CAIO PADUAN: Lá no Rio...
LUIZ ALBERTO: Lá no Rio. No Jardim Botânico...
CAIO PADUAN: E eu sou um carioca que cresceu em São Paulo. Fui para lá com 10 anos de idade. Eu sou carioca porque nasci lá meio por acaso. Minha família é toda de São Paulo, mas meu pai e minha mãe se mudaram para lá, porque meu pai foi trabalhar, e aí eu nasci no Rio e voltei com 10 anos para São Paulo. Meu sotaque é meio a meio. Eu falo “porta”, “carta”, mas meu “S” é de São Paulo, meu “R” é do Rio, sou no meio do caminho. (Risos)
LUIZ ALBERTO: É um sotaque meio confuso. É mais uma junção dos dois. (Risos)
CAIO PADUAN: Exatamente. Eu brinco que é aquele sotaque Willian Bonner, que você não sabe de onde é. É híbrido.
LUIZ ALBERTO: Você não sabe de onde vem, mas é perfeito. Queria ter esse! (Gargalhadas)
CAIO PADUAN: Tinha que patentear: Sotaque Willian Bonner.
LUIZ ALBERTO: Ééé... Lógico! Tem que patentear o sotaque dele. Mas o capixaba quase não tem sotaque. Ele tem muita mania de falar “Ué”, que é de mineiro, mas também é de capixaba. Não tem uma “porrrrta”...
CAIO PADUAN: É suave de falar.
LUIZ ALBERTO: Bom, voltamos para a carreira novamente. Você fez Malhação, que fez muito sucesso, e depois fez a novela Rock Story. Sua formação de palhaço entrou em cena? Porque você era um bandido bem engraçado. E a turma, né? Vocês três.
CAIO PADUAN: Então, é uma coincidência você falar desse personagem, dessa novela, porque tive uma passagem muito feliz em Além do Tempo, uma novela de época, linda, o personagem era incrível, mas em Rock Story foi meu primeiro vilão, um personagem ruim, vilania e tal. No começo era bem suave, mas ele ficou bem ruim no final, morreu, tomou tiro na cabeça, tinha um mafioso italiano atrás dele. Ficou sério o negócio. Sabe o cara que vai se enrolando, era o Alex. Só que você falou da comédia e aí lembrei da dupla. Eu estava com dois caras, o Leandro Daniel e o Paulo Verlings que são grandíssimos atores. Experientes na comédia. Eu tinha Julia Rabello como irmã que também é mestre na comédia. Uma direção mestre de Marcelo Zambelli, Maria de Médice e Denis Carvalho. E o texto da Maria Helena Nascimento era maravilhoso, a forma que ela construiu esse trio... A gente teve uma liberdade, fomos apontando caminhos desde a preparação, juntos, desde sempre. A gente falava, é um trio, a gente se fortalece, a gente se ajuda. Coincidência ou não, ontem antes de voltar do Rio para São Paulo, jantei com essa dupla aí.
LUIZ ALBERTO: Vocês se encontram sempre, não é? Que bacana!
CAIO PADUAN: Nós viramos grandes amigos, porque sabemos a dureza que é trabalhar em televisão, é difícil a carreira. E esses personagens foram muito importantes para nossa carreira. Para construção de história juntos com um elenco grande e ao mesmo tempo tínhamos o nosso espaço. O espaço foi aumentando, com o público comprando, com a direção apoiando a gente. E a gente também arriscando, que ninguém sabia.
LUIZ ALBERTO: Entendo.
CAIO PADUAN: Por exemplo, a gente picava as falas. A gente se juntava uma a duas horas antes de gravar e, por exemplo, se eu falasse três frases, eu pedia para o Paulinho entrar no meio de uma e eu entrava no meio da dele e ficava uma conversa que não tinha muita pausa, porque na vida não tem pausa. E ficava engraçado. E você falou da palhaçaria, era uma referência grande Os Três Patetas pra gente. Porque o tempo da palhaçaria era isso. Não sei se as pessoas lembram, Larry, Moe e Curly, eles tinham um tempo que é: Um fala, o outro não entende e questiona, e um outro vem e corta.
LUIZ ALBERTO: Que parceria legal, inesquecível.
CAIO PADUAN: E tinha um diretor legal que entendeu isso. Quem acompanhou de perto foi o Marcelo Zambelli, que virou um parceiro da vida. A direção é essencial, constrói todo mundo junto. Não é só o ator, não é só o diretor, é todo mundo junto construindo. Tem uma maquinaria monstro, tem equipe técnica, tem a maquiagem, é uma equipe monstro. O Lombardi falou esses dias, o Nero falou esses dias. Eles estão sempre elogiando a equipe, porque é bonito de falar. “Ah, o trabalho de você foi lindo, o seu personagem foi lindo”, mas você sabe quantas pessoas estão por trás para esse personagem brilhar? O tamanho do projeto que tem? Quantas pessoas que trabalham numa externa? Desde aquela pessoa que está servindo seu café, a profissão dela é digna porque ela está ajudando as pessoas a trabalharem. É um ofício. As pessoas hierarquizaram os ofícios no Brasil. Aqui se você tem um ofício de servir, as pessoas menosprezam, é patético isso.
LUIZ ALBERTO: É muito patético esse lance de depreciar a função do outro.
CAIO PADUAN: Pô! Se estou bem no set, tô feliz no set, estou acordado no set é porque tomei um café que alguém me serviu, alguém que me maquiou, alguém que cortou meu cabelo, pensou no meu personagem, alguém que está ali para ver se minha roupa está igual ao outro dia, a continuísta. Tem um cara ali que está empurrando trilho para a cena ficar bonita, está empurrando o trilho na mão galera, na mão! Se as pessoas soubessem o tamanho do trabalho, valorizariam mais, não só o Caio e os atores, mas toda uma equipe técnica gigantesca. Por isso que eu gosto de ficar perto, aprendo sobre a profissão e sobre a vida.
LUIZ ALBERTO: E vai do marceneiro ao pintor...
CAIO PADUAN: Ao alfaiate, ao cara que pensou no seu bigode. Às meninas da caracterização do figurino, elas pesquisam meses. Imagina a galera dos cabelos. Numa novela de época, imagina um evento. Imagina o pessoal do cenário. A gente tinha colher de 1800 e pouco na cena. O piano não sei de quando. Imagina a visita da locação, a direção... Nessa pandemia comecei a estudar muito o por trás da história, gosto muito da parte por trás dos bastidores. Estou desde o iniciozinho da pandemia estudando. Desce criação da história, roteiro, story telling, direção. Tenho tentado fazer o máximo que posso em casa para, quem sabe, em breve apresentar...
LUIZ ALBERTO: Vem aí um diretor?
CAIO PADUAN: Diretor? Eu gostaria, mas, minha criatividade é muito grande, ando vendo muitas pessoas, conhecendo muitas pessoas, vivendo muitas coisas, muitas histórias. Vem algumas criações, talvez como criador, criador de histórias, estou pensando em algumas coisas. Enfim, fiz muitos parceiros, fiz muitos amigos na estrada. E na pandemia ou vai ou racha! Você vê realmente quem são seus amigos. A gente vê a importância da família, o tamanho da família, o tamanho da importância da família, minha rede de apoio que é minha parceira, meu enteado, minha mãe, minhas irmãs, meus melhores amigos e eu tenho grandes parceiros. Então, quando eu sonho com alguma história, quando eu crio, ligo para um diretor de fotografia, ligo para o diretor, ligo para um roteirista amigo, uma roteirista amiga. Eu não vou fazer nada sozinho. Tudo o que eu penso, falo, “vou chamar meus amigos, vou chamar as pessoas que eu conheço”. O mercado é muito grande e tem muita oportunidade aparecendo aí de streaming. O ator também pode se colocar como criador e apresentar suas histórias e sobre o que a gente quer falar? O que que o país precisa que a gente fale? É uma oportunidade também.
LUIZ ALBERTO: É uma grande oportunidade. Você tem lá milhões de telespectadores te assistindo e você passando uma mensagem muito boa.
CAIO PADUAN: Exatamente. E você está na rede social para que? Como é que você se comunica? O que você passa? Quanto a mim, me entendo como privilegiado, me entendo como branco enquanto num país racista. Homem enquanto as mulheres sofrem o que sofrem, com um feminicídio bizarro. Então, a gente tem que ter noção das coisas. A primeira parte é você reconhecer o privilégio e a segunda é você abandonar ele e entender o quanto você pode abandonar ao extremo, uma desconstrução, auto se conhecer. A gente está num movimento super importante de fazer isso. E ver para onde vamos canalizar nossa energia. O quanto você se conecta com Deus.
LUIZ ALBERTO: Que é muito importante nesse momento. Aliás, em todos os momentos da nossa vida, mas, esse é um excelente momento para que você se conecte com Deus, com a espiritualidade maior.
CAIO PADUAN: Exato. Tem que parar para pensar e falar, o que de fato importa? Quais são os valores, o que vamos passar para as pessoas?
LUIZ ALBERTO: Vamos falar do delegado Bruno de Outro Lado do Paraíso? Que foi muito bom também. Eu gostei muito desse personagem seu. Foi um personagem que passou uma mensagem incrível, porque você foi par da Érika Januza, coisa mais linda do mundo que eu amo, você foi par dela...
CAIO PADUAN: Amigaça. Érika Januza é uma grande parceira.
LUIZ ALBERTO: E a discussão do relacionamento inter-racial foi bem grande...
CAIO PADUAN: Nossa Senhora! Eu recebi mensagens inimagináveis para o bem e para o mal...
LUIZ ALBERTO: São inacreditáveis essas coisas, não é?
CAIO PADUAN: É surreal! É surreal! É surreal a gente ter que falar desse assunto em 2021! E vai ter que continuar falando ad eternun. Eu branco tenho que falar porque quem criou isso foi o povo branco. Quem criou o racismo foi o branco. Então, eu como branco tenho que falar. Tenho que falar, instruir, tenho que buscar ao máximo instruir. Na época dessa novela, meu Deus, vi coisas assustadoras, ouvi histórias de você enjoar, passar mal, histórias horríveis. Minha irmã também vive isso, meu cunhado é negro. Preto ou como as pessoas gostam que se chame. Sempre falo os dois.
LUIZ ALBERTO: Os dois para mim. Preto, negro.
CAIO PADUAN: Dignificar como as pessoas se entendem, se reconhecem. Meu cunhado é da minha família, amo meu cunhado. Então podem falar: “É só porque está na sua família?” Não! Porque é bizarro você discriminar outra pessoa! Por causa da cor da pele, velho! Eu sempre perco a linha quando falo nesse assunto, porque acho coisa de louco. Mesmo. É bizarro! É a mesma espécie! Você não gosta do outro porque o outro tem traços de uma etnia diferente da sua? Você é louco! Para mim sempre é digno de tratamento. Para mim o racista é um violento surreal e a gente tem que destruir qualquer tipo de piadinha que exista. As pessoas não podem fazer piada com o que fere o outro. Imagina na época da novela, o personagem tocava em pontos, era uma história linda de amor, que entrou entre os “25 Casais que Mais Amamos” lá no Viva, a gente deu entrevista sobre, foi lindo, foi icônico! Mas é sobre um assunto odioso.
LUIZ ALBERTO: Pesado. Triste, muito triste.
CAIO PADUAN: As pessoas às vezes se julgam religiosas ou espiritualizadas e insistem num negócio desse. Todo mundo é igual. A palavra semelhante é todo mundo igual. E a novela vai e toca no assunto e vem outra novela e toca no assunto. E vamos tocar no assunto no Brasil enquanto tiver racismo. Não tem espaço para isso. É violência, é crime.
LUIZ ALBERTO: Vamos falar do Quinzinho de Verão 90? O playboy Quinzinho viveu a mesma situação?
CAIO PADUAN: Muito parecida. Quinzinho não tinha bom caráter. Ele tinha questões sérias de valores deturpados, criado na elite. O Bruno era criado na elite, mas tinha muita consciência. Apesar de muitas vezes ser por causa da manipulação da mãe, a Eliane Giardini arrasando no seu personagem. E o Quinzinho tinha a Totia Meirelles e a Lê Borges que era uma catarse...
LUIZ ALBERTO: (Gargalhadas) Ela arrasa. Eu adoro.
CAIO PADUAN: Eu tenho um carinho enorme pela Totia, eterno, Dandara, era um núcleo incrível. Depois teve a Zezé Barbosa, mestre Jorge Fernando. Ele me chamou na sala dele e aí eu entrei e tem aquele São Jorge enorme e eu sou filho de Ogum, olhei para ele...
LUIZ ALBERTO: Ih rapaz, eu também!
CAIO PADUAN: Olha aí, garoto! Ogum iê meu pai!
LUIZ ALBERTO: A gente é guerreiro!
CAIO PADUAN: A gente vai à luta, não espera não. Então, quando entrei na sala olhei para ele e foi emocionante. E falei, “olha que coincidência Jorge Fernando², eu também sou filho de Ogum”. Aí ele deu um grito e disse, “senta aí!” com aquela alegria, com aquela energia. Então, fiz essa novela e mais uma vez repeti a parceria com o diretor Marcelo Zambelli, de Rock Story. Enfim, encontros. A Dandara, fomos lançados juntos na TV em Malhação. Em 2011 a gente estava junto, éramos bastante amigos e ficamos muito felizes de fechar duas grandes autoras, foi um presente. E tinha questões sérias ali. Estava numa situação tóxica com a menina, que caia e ele tentava até segurar, inclusive na condenação teve isso no final, porque ele não matou de propósito. Mas, ele deixou o outro pagar, personagem do Rafael Vitti. A família manipulou a história inteira...
LUIZ ALBERTO: Sacanagem você fez com o personagem do Rafael. Ele te perdoou? Háháhá!
CAIO PADUAN: Ó, Rafa é um dos maiores corações desse Brasil, Rafael Vitti.
LUIZ ALBERTO: Confesso. Eu gosto muito de novela, sabe? Eu adoro novela.
CAIO PADUAN: Você gostou dessa? Viveu os anos 90 com a gente?
LUIZ ALBERTO: Gostei muito, anos 90, porque foi uma época que eu frequentava o Hipoppotamus³.
CAIO PADUAN: Então você lembra da boate...
LUIZ ALBERTO: E a personagem que a Totia fez eu acho que foi meio baseada, não na personalidade, mas na minha grande amiga que era Gisela Amaral. O cabelo dela parecia muito com o da Gisela Amaral, mas a Gisela era outra história.
CAIO PADUAN: Pegou a referência no colo, né?
LUIZ ALBERTO: Exatamente. Mas a Gisela era excelente, não era malvada igual a Totia não.
CAIO PADUAN: A personagem era má pelo contexto da história. Tratava super mal a personagem da Dandara Mariana. Era um combo de racismo, xenofobia. Aquela família...
LUIZ ALBERTO: Aquela família era um combo muito louco.
CAIO PADUAN: Jorginho falava, “a gente ri para não chorar”, mas a gente vai ter que consertar essa família! As autoras arrasaram, era anos 90, e a gente sabia que acontecia esse tipo de coisa e tal, mas, não cabe no Brasil de hoje. Então foi um bom recado, foram várias mensagens interessantes na novela.
LUIZ ALBERTO: Exatamente, exatamente.
CAIO PADUAN: Estou sempre nesse tipo de história.
LUIZ ALBERTO: (Risos)
CAIO PADUAN: Eu gosto, sempre gostei, desde pequeno aprendi em casa a olhar para sociedade, a olhar para o semelhante. Estar perto do social, se envolver, fazer parte do todo, sabe? Quando a gente é criança não tem muita noção, mas depois que você anda um pouco por aí, vê o quanto é importante. O quanto é importante respeitar, ser saudável, enfim, ajudar.
LUIZ ALBERTO: Exatamente. Isso tudo depende muito da educação.
CAIO PADUAN: Depende muito da nossa comunicação, a gente se comunica, a gente espelha.
LUIZ ALBERTO: E a educação que seus pais te deram foi muito boa, porque você é um cara muito generoso! Você gravou um monte de mensagens de Natal para a Revista PORTFOLIO, você não se lembra disso não?
CAIO PADUAN: Lembro. Eu me atrapalho, mas eu gravo, você sabe disso. (Risos)
LUIZ ALBERTO: Em cima da hora!
CAIO PADUAN: Em cima da hora, mas eu gravo!
LUIZ ALBERTO: Teve uma que você mandou no dia 24 à tarde. Eu falei, meu Deus! (Gargalhadas)
CAIO PADUAN: Eu vou mandar antes em dezembro. Estou me organizando melhor. Vou mandar antes, prometo. (risos)
LUIZ ALBERTO: Hahaha... Foi muito legal. Sua generosidade de passar para nosso público, para as pessoas uma mensagem legal de Natal, acho muito generoso. Sempre peço a artistas, para as pessoas passarem uma mensagem bacana, porque acho legal. Acho que somos os únicos, a única página que faz isso. E quero continuar fazendo porque são tantas coisas ruins que vemos na internet e você passar uma mensagem assim, “Olha, esse ano não foi legal, mas espero que o seu Natal seja bacana, espero que tudo corra bem, espero que você...” Poxa, isso é bom demais!
CAIO PADUAN: Espero que sua família tenha comida na mesa no Natal.
LUIZ ALBERTO: Exatamente. Você mandou muito bem agora.
CAIO PADUAN: A gente tem uma estatística no país que durante a pandemia 10 milhões de pessoas passaram fome em casa. Você tem noção do que é isso? Quando você for preparar a sua ceia, prepara duas, três, dez se puder. Tá longe, mas está perto, porque passa tão rápido. Agasalho, as pessoas estão morrendo de frio em São Paulo.
LUIZ ALBERTO: E às vezes você tem um monte de coisas que não usa, que está sobrando...
CAIO PADUAN: Deixa no carro, moletom sobrando, tênis sobrando, bolacha. Oferece uma garrafa de água para alguém que está na rua e você vai ver a reação dessa pessoa.
LUIZ ALBERTO: Teve um rapaz dando uma entrevista na televisão, um rapaz muito inteligente, procurei depois para saber de onde era esse cara. Esse rapaz disse assim, “O que a gente faz é apneia alimentar”. Ou seja, ele procura a comida, e bota na boca sem respirar o cheiro da comida que ele cata na rua. Estou falando com você e me arrepiei. Isso é tão doloroso de você ver. Quando eu vi, chorei, chorei. E falei, pô, tenho que fazer alguma coisa. Eu tenho que fazer alguma coisa. E a gente tem que fazer, não é?
CAIO PADUAN: (emocionado) A gente tem que fazer é muita coisa. No centro de São Paulo o cara me pediu uma moeda e procurei, procurei, procurei e não tinha nada. Aí eu pedi desculpa, “não tenho nada”. Ele beijava o capô do carro, “pelo amor de Deus, estou com fome!” Depois encostei o carro e acho que chorei por uma hora. Era para chorar 10 anos, não era para chorar uma hora. O que a gente pode fazer é deixar comida no carro, compra um, dois, três pacotes de bolacha. Eu não sei você percebeu, mas com o número de pessoas que estão na porta de supermercados é para gente se atentar. Tem mais pessoas na rua, tem mais pessoas pedindo comida. Aconteceu alguma coisa aí, né? Algo muito errado. Aumentou muito. “Ah mas sempre teve!” Odeio essa frase. Aí você normatiza?
LUIZ ALBERTO: Dessa forma que estamos vivendo agora nunca teve. E se sempre teve é mais um motivo para fazer algo...
CAIO PADUAN: Mais um motivo para olhar mais!
LUIZ ALBERTO: Rapaz, uma vez eu postei uma apresentadora de TV, muito querida por mim e muito conhecida por todos, fazendo um trabalho de distribuir em São Paulo, com os amigos, comida todo domingo. Eu achei isso maravilhoso e postei. Você via uns comentários, às vezes eu não gosto de ver não, “Tá fazendo isso porque quer aparecer!” Caramba! Faz você que comentou isso então! Deixa ela querer “aparecer”, o que não era o caso, ela apenas está fazendo alguma coisa por alguém. Está dando comida a alguém. Por que os críticos de plantão não vão lá e fazem a mesma coisa? Já ajuda muito. Eu posto quem faz o bem e vou postar sempre...
CAIO PADUAN: No mínimo, enquanto pessoa pública, é postar coisas para ajudar as pessoas. É o mínimo. As crianças pedindo doação para comprar remédios, eu reposto todas. Movimento distribuindo comida, marmita solidária, posta! Tem seguidor? O mínimo que você tem, posta, divulga, espalha. Não vai cair o dedo postar um story. Pelo amor de Deus! O estômago da pessoa não sabe se ela está fazendo para aparecer, só recebe a comida. A pessoa que está com fome só recebe a comida.
LUIZ ALBERTO: Isso mesmo.
CAIO PADUAN: As pessoas que estão com fome não querem saber o motivo. Tem uma frase do Jay Z, só para a gente não se alongar muito, não demorar muito que eu pego estrada ainda hoje.
LUIZ ALBERTO: Já vamos encerrar...
CAIO PADUAN: Uma frase do Jay Z que ele fala do black money, ele, Spike Lee, cantores de rap, atores, eles injetam dinheiro no black, lá é muito grande. Enfim, não interessa se você é racista ou não, investe porque dá dinheiro. Faço uma metáfora, uma analogia, não interessa se essa pessoa está querendo aparecer no instagram ...
CAIO PADUAN: A gente encontra sempre boas ações. Acabei de conhecer uma ação incrível no Rio de Janeiro com os meninos, do Caio Vinícius, do irmão dele, SkatedeFato, procura aí galera.
LUIZ ALBERTO: Na nossa próxima entrevista vamos falar sobre seus filmes, sobre suas participações, sobre teatro que você gosta de fazer, não é?
CAIO PADUAN: Muito. Amo, amo, amo. Sou apaixonado. É ao vivo, né? É diferente. É diferente. Sou apaixonado pelo meu ofício de ator. Mas cada linguagem tem a sua cereja do bolo, sabe? A televisão é um grande projeto, se envolve num grande projeto, você faz uma novela com grandes profissionais, é longo, você vive bastante tempo o personagem, você experiência muito. Um filme tem a precisão, a delicadeza do cinema, uma parceria muito grande com direção. E o teatro é o público. Teatro é o berço de tudo. É ao vivo, ao vivo e a cores, a respiração junto com o público. Sou apaixonado, então, vamos falar bastante ainda de teatro. Ano que vem, se Deus quiser, estou em pé nele de novo.
LUIZ ALBERTO: Que beleza! E eu estarei lá, hein?
CAIO PADUAN: Boas parcerias pra gente contar daqui a pouco. Daqui a pouco quando tudo fechar. Estou produzindo dessa vez. Vem coisa legal aí, vem coisa legal aí.
LUIZ ALBERTO: Eu quero te parabenizar porque você é uma pessoa gentil, humano, e super gentil com a gente aqui da PORTFOLIO. Você é um cara ótimo, sinceramente. Muito querido nosso. Obrigado por essa entrevista.
Chegamos ao fim de mais um encontro muito legal com um cara pra lá de especial. Meu querido Caio Paduan, a vida é mesmo um aprendizado o tempo inteiro. Fascinante essa sua busca pelo desenvolvimento criativo, cultural e humano. Sorte na caminhada. Que as boas energias astrais estejam sempre com você e protegendo sua família.
Ahhhh, dever cumprido e cheio de satisfação. E o LA aqui de vocês deseja um bom domingo e uma boa semana. Não esqueçam que esta entrevista, como as outras, vai para o canal da Revista PORTFOLIO no YouTube.
Nota do entrevistador¹: A Guta a que nos referimos era a saudosa Maria Augusta Mattos, a toda poderosa diretora de elenco da Rede Globo! Trabalhou na empresa de 1967 até a sua morte em 1993, aos 73 anos.
Nota do entrevistador²: Jorge Fernando foi um dos maiores diretores da TV brasileira. Amado por todos artistas e por telespectadores de modo geral, Jorginho era conhecido por seu bom humor e excelente profissionalismo. Iniciou sua carreira como ator em 1978, foi diretor de núcleo da Rede Globo e dirigiu novelas de 1980 até sua morte em 27 de outubro de 2019.
Nota do entrevistador³: Uma das casas de Gilberto Amaral e da sua querida Gisela. Era o point mais badalado da Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, no Rio de Janeiro. Não havia um colunista ou jornalista que não saísse do restaurante ou da boate com seus bloquinhos lotados de anotações. A alta sociedade carioca e brasileira ali era tratada a “pão de ló”. Tudo sob os olhos atentos de Ricardo e Gisela que tiveram várias casas noturnas no Rio de Janeiro. Gisela nos deixou em 2018 e Ricardo Amaral também deixou todas as suas casas noturnas alegando que não poderia continuar sem ela.
Por Luiz Alberto
FICHA TÉCNICA
Fotografia Marcelo Auge l Produção de Moda Celso Ieiri l Beauty Lelloeta
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