07 de SETEMBRO de 2018
Formado pelas atrizes e cantoras, Renata Ricci, Lívia Graciano, Yael Pecarovich e Luciana Bollina, o grupo "Cantrix" se apresenta no espaço Music Hall do Paris 6 Burlesque, em São Paulo, no dia 05 de setembro. Reunindo antigas amigas e retomando de forma independente uma história que se iniciou há mais de 10 anos, em um concurso de formação de banda feminina, o grupo, que já passou por algumas formações, se reencontra agora em um novo momento, mas ainda como um quarteto vocal feminino, pouco tradicional e menos ainda formal. Embaladas pelo repertório de Gilberto Gil, a nova proposta, essencialmente feminista, traz este encontro de vozes em um show repleto de história e muita atitude.
Desta vez o grupo vem com um objetivo muito claro em mente: Formar um 'time' composto por mulheres para muito além do palco. A atriz e cantora Renata Ricci, que entre idas e vindas é a única a integrar o grupo desde sua formação - e que neste retorno assume também a produção dos shows, deixa claro a importância de buscar por mulheres trabalhando em cada função por trás da cortina, seja ela técnica, criativa ou artística. "A maternidade me fez admirar muito mais as mulheres e enxergá-las de uma outra maneira. Comecei então a ficar incomodada por me sentir apenas proclamando o discurso feminista e não fazendo nada efetivo a respeito. Percebi que a melhor maneira de empoderar uma mulher é dando um lugar para ela", diz Renata.
Decididas a encontrar um setlist que tivesse como foco principal um 'discurso' musical atual, o processo de imersão em diversas referências logo conectou as cantrizes ao universo de Gilberto Gil, porém despertou nelas uma dúvida pontual: 'Seguir com o conceito do feminino e apresentar canções de uma potência como Madonna, ícone de luta pela liberdade sexual, ou manter Gilberto Gil e toda a identificação com o momento do grupo?'. A decisão ficou por conta da essência do ícone baiano, que em seu repertório conceitual tem por hábito lançar um olhar delicado sobre as relações e as pessoas, além de seu histórico musical e pessoal com relação as questões de gênero.
Ao longo do show, canções consagradas são costuradas por um enredo cênico, muito mais real do que ficcional, e passível de um bom improviso – o que condiz com o novo ritmo do quarteto, que, fora do palco, encara a vida corrida da mulher que, além de artista, por vezes atua como mãe, filha, esposa e amiga.
E é justamente contando um pouco de si e de suas experiências, que cada uma delas revela sua identidade mais sincera em um show-teatral cheio de música brasileira e feminilidade, e que busca, em tempos de empoderamento, colocar luz de maneira leve sobre questões importantes, saindo do já conhecido discurso e ressaltando aquilo que uma das canções do próprio Gil assegura: "Novo tempo sempre se inaugura...".