Queridos leitores, trago aqui para vocês, mais uma entrevista que eu tive o prazer de ter feito! Como sempre digo, minhas pautas fogem todas do dito normal. Não tem métrica, nem qualquer coisa parecida. Fujo dos padrões, e deixo a emoção fluir... Viro fanzoco, pinto e bordo a ainda chuleio! Hahaha... E não poderia ser de outra forma, já que a minha entrevistada da semana, eu amooooooo (Xiiiii, cadê a ética hein jornalista?) Vamos a ela então.
Em 1987 surge um rosto belíssimo na tela da TV. Uma garota que ficou para sempre no imaginário de todos nós, linda de viver. Como se não bastasse, ela surgiu na tela da TV na abertura da novela Tieta, além da abertura icônica do Fantástico. Isadora Ribeiro é hoje uma das pessoas mais conhecidas e mais lembradas por diversos trabalhos que fez, mas, o Fantástico e Tieta realmente ficaram na nossa cabeça. Fora as capas de revistas que são dezenas. Seja bem vinda Isadora Ribeiro! Atriz, ex-modelo. Corrigindo, continua modelo, não é? Porque é belíssima até hoje.
LUIZ ALBERTO: Bem vinda Isadora Ribeiro! Vamos começar contando a história do Fantástico, como surgiu essa abertura que abalou e ficou a mais memorizada até hoje! São os fãs que dizem e eu também.
ISADORA RIBEIRO: Muito obrigado em primeiro lugar. É uma honra pra mim. Sabe que sou fã número um da Revista PORTFOLIO e sou sua fã mais ainda...
LA: Obrigado meu amor...
ISADORA: ...Pela energia boa... Sou muito ligada em energia do bem, fujo das pessoas pesadas, tóxicas, e você é uma pessoa que eu quero sempre por perto. Tanto você quanto a revista, todos os conteúdos, são leves, então, sem demagogia é uma honra, realmente, estar aqui.
LA: A honra é toda nossa, Isadora, imagina...
ISADORA: Embora o Fantástico tenha me dado a visibilidade e a Tieta também, o Fantástico passou em exposições como no CitiCorp Center em Nova York e Galeria da Louis Vuitton em Paris, naqueles vídeos walls, etc. Fiz muitos trabalhos internacionais também, devo muito à Rede Globo e eles a mim porque dei muito audiência...
Gargalhadas gerais! Aliás, o bom humor nesta entrevista que eu amei, estará sempre presente nesta entrevista.
LA: Com certeza!
ISADORA: (risos)... Os personagens que fiz fizeram sucesso. Mas, o Fantástico, aquele rosto, saindo da água... Esses dias até eu fiz, está lá no meu feed, peguei um aplicativo e fiz uma coisa saindo da água, e o Raça Negra até fez uma roupagem com uma nova música do Fantástico...
LA: Que legal...
ISADORA: Eles colocaram uma música deles e ficou sen-sa-cio-nal! Te juro! Eu estava numa fase que não aguentava mais ouvir aquela música do Fantástico na minha cabeça...
LA: (gargalhadas) Muitos anos ouvindo...
ISADORA: (risos) Mas aí, quando o Raça Negra fez com aquela música... Você chegou a ver Luiz Alberto?
LA: Não vi. Eu vou lá ver.
ISADORA: Mas aquilo foi há 300 anos, na época da Leopoldina... (risos)
LA: (risos) Eu tenho outro perfil agora, eu não estou dizendo que eu sou feia, eu sou bonita, mas eu não sou forever young. Mas, depois disso, já fiz tantas, tantas coisas, já fiz tantas novelas, teatro. E hoje você falar ex-modelo, eu acho que hoje eu sou modelo, por dois motivos.
LA: (cortando) Modelo! Exatamente! Eu me corrigi, ainda bem... Hahaha!
ISADORA: Modelo no sentido de fazer anúncios no meu Instagram, que eu faço sempre para as empresas que trabalham comigo, e modelo também que eu quero passar para as pessoas de mãe, como mulher, como avó, como uma pessoa que tem 56 anos ainda está bem. Não forever young, porque ninguém é...
LA: Ninguém é... Com certeza. Mas a beleza também vai se aprimorando com o tempo...
ISADORA: Não sei se aprimorando, vai deteriorando, né? Hahaha!
LA: Hahaha, vai deteriorando, mas a beleza vem muito de dentro também. Olha esse sorriso, esse bom astral que você tem aí. É impossível falar “Isadora Ribeiro não está mais aquela”. Está sim. Está numa fase ótima. Está numa fase maravilhosa.
ISADORA: Estou numa fase maravilhosa. Mas é uma coisa interior, beleza interior, não é papo para decorador?
LA: Kkkkkkkkkk! Morri! Que figura...
ISADORA: De uns anos pra cá eu quis mudar, me auto conhecer, me aprimorar, priorizar o que é importante e imprescindível na minha vida. Eu descobri que a minha prioridade sempre foram as minhas filhas, a minha família e o trabalho, nessa ordem, minha família e o trabalho. Então, não digo que quem faz diferente está errado. Não. Mas, eu quis ficar com olhar de perto na educação das minhas filhas, da Maria e agora da Valentina. Agora a Valentina já é mocinha, bem menos, viaja e tudo mais. Mas eu fiquei sempre muito pertinho. A Maria é uma menina muito preparada, muito equilibrada, muito centrada, muito focada e graças a ela eu fiz o Diário de Bordo, um espetáculo solo que faço três personagens que foi ela que escreveu...
LA: Foi ela que escreveu? Que legal...
ISADORA: Ela já ganhou prêmio de jovem escritora com uma antologia de contos e dessa antologia eu tirei três contos para fazer o Diário de Bordo. Depois ela lançou dois livros, que são Vicentinho e o Efeito Condor e agora ela lançou o terceiro livro, o Parto Anormal, que na verdade seria o quinto, por causa da antologia de contos. Paralelo a isso ela está no quinto ano de medicina e como ela escreveu Diário de Bordo eu brinco, às vezes, em entrevistas que a minha filha é o tipo da filha que, literalmente, me dá trabalho! (risos)
LA: Você estava com Diário de Bordo, no teatro, e fazendo um filme chamado Subúrbio, não é?
ISADORA: É. Nós fizemos três temporadas aqui no Rio. No Teatro Vanucci, no Teatro Princesa Isabel e a última temporada foi no Cândido Mendes, em 2019/2020. Aí eu ia começar a viajar e fazer a turnê no interior de São Paulo quando veio a pandemia. E, paralelo a isso, sou produtora associada da Flora Filmes, da Carolina Paiva, que fez República do Peru, que eu participei. Nós estávamos produzindo Subúrbio, um filme que vou ser a protagonista e já estava com data marcada para começarmos a filmar, mas, com a pandemia tivemos que interromper tudo e vamos retomar em novembro. Essa pandemia foi uma tragédia pra teatro, pra cinema, pra eventos.
LA: Lançamento previsto para o ano que vem? Para 2022?
ISADORA: É... Se a gente conseguir filmar ainda em 2021, sim. Não sei. Mas é para streaming, inicialmente.
LA: Vamos falar das capas. Ôôô... As capas de Isadora Ribeiro. Você começou nesse trabalho de modelo, fazendo capas para as revistas de moda, então surgiram a Playboy e a Sexy, caminho natural para as belas da época, além delas você fez outras dezenas de capas. Você consegue lembrar de quantas capas você fez?
ISADORA: Eu não sei exatamente Luiz Alberto. Eu falo de 30 a 40. Talvez um pouco mais, talvez um pouco menos, contando com algumas capas de moda que eu não gostava, que eu não divulgo, mas tenho que contar...
LA: (gargalhadas)
ISADORA: Às vezes não era só capa, eram editoriais de moda, comercial de televisão, já fiz comercial da Ford, da Coca-Cola e de cigarros Hollywood... Eu já não faria mais de cigarros, mas na época eu fiz. E de beleza que inclui creme, perfume... É o que dava mais dinheiro na época. Eu trabalhava na Casting, uma agência internacional de modelos e que era a maior do Brasil na época. Eu trabalhava bastante.
LA: Agora você faz um trabalho super bacana, que estava me dizendo anteriormente, para as empresas. Conta mais sobre isso aí. Essas palestras que você faz e agora na pandemia você continua fazendo pela internet.
ISADORA: Não tanto, porque as empresas estão muito em home Office, mas faço algumas sim. Mas antes eu fazia na SIPAT – Semana Interna de Prevenção a Acidente de Trabalho. As empresas são obrigadas a fazerem uma SIPAT por ano. Então, nessa semana, as empresas catequizam os funcionários, os metalúrgicos, para terem, possuírem qualidade de vida. Hoje em dia a qualidade de vida é uma questão de empregabilidade. Porque tem muito funcionários que vão adquirindo hábitos que não são bons e vão ficando ociosos... E já aconteceu de eu ir numa empresa onde o cara ficou com preguiça de desligar um fiozinho ali e... Pá! Perdeu o dedo! Aí fica lá na frente aquela placa que a empresa é obrigada a colocar “Aqui estamos a não sei quantos dias sem acidentes”. Então você entra numa empresa para dar uma palestra e ali está escrito, por exemplo, que está há 16 dias sem acidentes, não é bom. É importante este incentivo para que as pessoas tenham qualidade de vida, harmonia em casa, que saiba valorizar o seu trabalho, a família. É uma coisa que eu fui passar minha experiência, minha expertise. O que Isadora Ribeiro tem para falar numa metalúrgica? Tudo! Porque o ator não é só aquele que fica só lá no glamour, nas fotos, o ator é aquele que usa sua arte para tentar transformar o mundo de uma forma positiva. Eu gosto muito de uma frase do Shakespeare que diz, “Ser ou não ser, eis a questão.” É você olhar para dentro de você e falar: Será que eu vou ser o que sou hoje? É melhor me despojar do comportamento que não está sendo bom pra mim e vou pincelar com coisas boas, né? Porque assim como atuar é concretizar as escolhas, na nossa vida a gente também tem que concretizar as coisas boas. Se você tem um personagem que não está se comportando bem numa novela, o comportamento dele é que vai definir se o final vai ser feliz ou triste. Temos que moldar o nosso comportamento para fazermos boas escolhas para termos um final feliz. É isso que eu passava para os funcionários nas SIPATs. Agora eu até estou usando essa minha expertise de 15 anos de palestras para tentar passar uma leveza e levar mensagens boas para minhas amigas e colegas do Instagram. Sempre uso uma foto como pretexto para transmitir coisas boas, porque realmente, todo mundo longe, enclausurado, saindo pouco, sem trabalho, então os ânimos estão bem acirrados.
LA: Verdade. As pessoas estão agressivas... Enfim, você tem uns textos maravilhosos que eu vejo e penso, meu Deus, que delícia ler isso, porque as pessoas postam tantas bobagens, agressividade, tanto xingamento. Às vezes até me choca quando as pessoas botam um chapadão preto xingando alguém, seja lá quem for, político, sei lá o que! Aquilo me deixa meio mal. Para que eu preciso ver isso? Então passo muito direto para não ver. Tá certo que o Instagram também é para mostrar, por exemplo, à agressão feito a uma mulher, como foi o caso desse DJ aí, a gente tem que mostrar, tem que fazer esse trabalho de conscientização. Mas, o resto é pura bobagem. O resto é pura agressividade. E, muitas vezes, sai da agressividade para uma excessiva futilidade. Concorda?
ISADORA: Verdade. Exatamente. Acho que é um cardápio de coisas que tem ali no Instagram. Porque qualquer coisa que você falar que sua opinião for exatamente igual àquela da pessoa que postou ou das pessoas, só faltam te crucificar. Nossa, teve uma coisa que eu falei... Não foi por maldade, foi pelo lado bom, sabe, quando a Juliette estava lá dentro, eu adoro aquela menina, mas eu via de vez em quando o Big Brother porque durmo cedo, minha filha acorda cedo. Mas eu vi como ela era muito dentro do jogo, mas quando falei “dentro do jogo” no comentário não quis dizer que ela estava atuando.
LA: Ela estava jogando. Ela foi lá para isso, né?
ISADORA: Ela é assim daquela forma. Acho que Big Brother é isso, para se mostrar e fim de papo. Sem máscaras. Ela estava inteira dentro do jogo. Eu quis dizer que ela estava inteira, de alma desnuda. Mas, algumas pessoas interpretaram errado com uma conotação pejorativa. E eu tentando... “não, mas não foi isso que eu quis dizer”. Aaaaa, Mas não queriam nem saber. Então tem que estar atento porque tem conteúdos bons, mas tem também isso que você acabou de dizer que é a superficialidade, que é muito oba oba, é a piscina, o jatinho...
LA: (cortando) A clássica foto do jatinho...
ISADORA: O dinheiro de muitos cabe no bolso de poucos. Muitos têm e outros não têm nenhum. Mas ainda bem que eles têm. Aí, você posta uma foto de uma campanha para ajudar uma criancinha que está precisando para tratar uma doença, que eu publico às vezes, para ajudar um ao outro, aí você marca a fulaninha, a beltraninha que você sabe que é rica, que ela tem contrato... Poucos ajudam...
LA: Ninguém nem dá like... (risos)
ISADORA: Então, tem que ter a consciência que cada um que cuide da sua cauda. Não estou aqui julgando, mas, na minha página eu sei que os meus amigos são de verdade. Eu sinto essa receptividade, eu sinto essa energia das meninas, dos amigos, dos homens também. Eu sinto que ali tem uma aura de positividade, de respeito, exatamente o que eu quero passar.
LA: É isso, o que você passa você recebe.
ISADORA: Eu sinto esse feedback. Eu tento responder um a um, às vezes não respondo no dia, demora uma semana, mas respondo. Eu vejo as respostas, “ah, muito obrigada, eu adorei, era isso que eu precisava ler nesse seu texto”. É claro que elogiam as fotos, mas, sinceramente, estou numa fase que a parte estética pra mim é bacana, mas não é a ideal. Eu quero ser feliz. O sucesso pra mim é ser feliz. Tem gente que investiu trabalhar 24 horas por dia para fazer um pé de meia e ficar tranquilo, eu investi na minha qualidade de vida, no meu autoconhecimento, na minha autoestima, na minha saúde. O que consiste isso? Consiste em priorizar a minha vida, dar atenção para minhas filhas, agora para minha netinha e meu genro, para meus amigos e minhas amigas e trabalhar também para pagar as contas. Cuidar da alimentação, beber muita água, dormir cedo, para no dia seguinte eu acordar bem. Minha filha entra às 15 para as 7 da manhã, ela estuda numa escola super forte...
LA: Eu passei por essa fase com filhos... (risos)
ISADORA: Como ela tem asma, é on line, né? Então, eu fico ali, eu acordo, tomo meu banho, estou inteira, maravilhosa para acorda-la, já faço o cafezinho, deixo tudo direitinho do jeito que ela gosta. Se a Catarina dorme aqui, eu também tenho que estar bem. Então, eu durmo cedo, não uso remédio para dormir porque com o tempo a pessoa perde a memória. Por exemplo, o espetáculo Diário de Bordo é solo, faço sozinha uma velinha, uma moça e um rapaz. Eu falo durante quase uma hora e quinze, sem parar, sozinha. Quando acaba, ao invés das pessoas falarem, “nossa, que legal, que bacana, três personagens diferentes, com três vozes diferentes...” Não, ninguém fala nada disso, só falam, “nossa, como é que você conseguiu falar tudo aquilo, que memória, como você conseguiu decorar isso?” Eu utilizo minha memória como atriz, então, eu tenho que dormir cedo, não posso ficar tomando remédio...
LA: E dormir cedo faz bem para a saúde.
ISADORA: E eu quero envelhecer bem, eu não quero envelhecer uma velinha doente. Então é isso.
LA: Quais personagens que você tem mais saudade de ter feito?
ISADORA: Olha Luiz Alberto, vou ser sincera pra você, eu tive a sorte de ter feitos personagens maravilhosos, fortes e inesquecíveis pra mim. Eu esbarrei em grandes autores como a Glória Perez, Gilberto Braga, Aguinaldo Silva...
LA: Três gigantes!
ISADORA: ...Silvio de Abreu e outros que agora não estão me ocorrendo e posso estar sendo injusta em não lembrar, mas, tive personagens muito fortes e que fizeram muito, muito sucesso. Então, se eu te falar de um só estaria sendo injusta, porque agora mesmo na Globo Play tem duas novelas minhas passando, Mulheres de Areia, que a Globo já reprisou umas 500 milhões de vezes, e Pedra sobre Pedra que também é maravilhosa.
LA: Ah... Eu fui um noveleiro que vou te falar viu?! Rsrs... Assisti a todas as novelas que você está citando aí e não assisto hoje por falta de tempo. Mas eu amo novela, porque para mim é uma viagem. Eu adoro ver o artista representando. Tem uns que são meio canastrões, mas quando o artista é bom, você se prende naquele personagem, parece que você dá uma viajada do mundo lá fora. Eu sempre fui muito fã de televisão. Sempre gostei demais de televisão. Talvez por isso que minha carreira tenha ido mais para este lado, de entrevistar artistas, falar de artistas, e falar de forma construtiva, naturalmente. Porque não sou nada adepto a fofocas e futrica da vida de ninguém. Lembro de pai, mãe, família, todo mundo assistindo àquela novela, todo mundo reunido na sala...
ISADORA: Mas as novelas no Brasil são muito bem feitas com excelentes atores, excelentes diretores e profissionais atrás no backstage, todo mundo é muito bom. O pessoal de iluminação, o editor, é toda uma equipe por trás de pessoas muito competentes. As novelas da Record agora é uma coisa impressionante, parece cinema. Você vê Genesis parece cinema.
LA: Eu gosto. Muita qualidade. As novelas da Record e as novelas da Globo são realmente muito bem feitas, prendem a gente. É uma diversão. Tá certo que temos TV a cabo e podemos zapear até... Mas eu adoro uma novelinha... Ah... Como eu gosto de uma novelinha, de uma historiazinha... (risos)
ISADORA: Eu vejo de vez em quando Genesis, mas as novelas da Globo não tenho visto. Vejo sim uma coisa ou outra. Aqui em casa só tem uma televisão, pra ninguém viciar, ficar todo mundo grudado na televisão. Mas eu gosto da Disney... Vejo muito esses canais de streaming, Netflix...
LA: E eu gosto também do National Geographic e dos canais Discovery. Alguns são uma droga, como Kardashians, não me prende muito não, mas os canais do Discovery são fantásticos, fala do mundo animal, tem o History...
ISADORA: Ah... Pensei que você estava falando de uma série de um figurinista...
LA: A série sobre o grande figurinista Halston? Assisti, assisti. Não gostei muito porque focou muito no lado da droga. Poderia ter focado mais nas amizades. Ele foi amigo da Bianca Jagger, de Andy Warhol, enfim, ele teve muita história bacana. Mas ficou muito focado na droga, na droga... Para mim foi nota seis. Foi legal, me prendeu, mas foi nota seis.
ISADORA: Mas é que o diretor tem esse poder, tanto o diretor quanto o roteirista. Eles têm esse poder de enfocar exatamente da maneira que ele vê. É por isso que a família da Hebe não gostou da versão da Hebe que fizeram para TV, do seriado, porque é isso, o roteirista focou numas coisas ali que o próprio filho falou, “mas isso não aconteceu, mas isso não foi dessa forma!” Então isso é muito injusto. Essa coisa de biografia é muito injusta. Eu acho que não deviam liberar biografia não autorizada.
LA: Eu acho também.
ISADORA: É igual a Wikipedia. Eu tenho horror a Wikipedia. Por que eu tenho horror? Porque qualquer um pode ir lá e escrever o que quiser...
LA: É... Qualquer um pode ir lá atualizar sua Wikipédia (risos)
ISADORA: Eu posso ir lá escrever sobre Luiz Alberto da PORTFOLIO que é isso, é isso...
LA: (gargalhadas)
ISADORA: Aí a pessoa entra lá e olha e fala, “nossa, mas o Luiz Alberto é isso, é isso, é isso?” E você não é aquilo e até você provar que focinho de porco não é tomada...
LA: Pronto... Já foi... Eu odeio Wikipedia também...
ISADORA: A pessoa poder escrever o que quiser é um absurdo...
LA: E a pessoa ainda atualiza, eles pedem para atualizar. Outro dia tinha uma história de pedir dinheiro para a Wikipedia, não sei se é verdade, mas não vejo nada de interessante. Eu acho que o próprio Google deveria criar um canal qualquer que tivesse uma Wikipedia ou sei lá o que o nome, que fosse mais séria.
ISADORA: Mais respeitosa, respeitando a pessoa porque ali as pessoas postam e o outro que vai ler, nem sabe que não tem credibilidade, que qualquer um pode escrever e aí acaba acreditando numa coisa que não existe.
LA: Mas vamos voltar a você. Quantas séries você participou? Difícil lembrar, né?
ISADORA: Deixa-me ver... Eu não fiz muitas séries. Eu fiz República do Peru que é um seriado, fiz Donas de Casa Desesperadas que foi em parceria com a Disney, a Rede TV que exibiu, e na Globo eu fiz duas, fiz muito Você Decide, fiz muito Caso Especial.
LA: Você estava contando, quando estávamos conversando e a lâmpada aqui caiu e tivemos que parar essa gravação, que passou por momentos difíceis na carreira e pessoal. O que você pode dizer sobre isso, desses momentos e o que trouxe de bom? Porque momentos difíceis, eu acho, e sem qualquer demagogia, são aprendizados. São momentos que acontecem na vida da gente e fazem com que a gente cresça e não passe de novo por isso porque passar duas vezes pela mesma coisa não é muito inteligente.
ISADORA: Mas é que, às vezes, acontecem coisas independentes da sua vontade...
LA: Ah sim, claro...
ISADORA: Por exemplo, existe até um paradoxo de que a gente deve agir pela emoção ou pela razão? Se o que acontece na vida da gente foi por uma fatalidade ou acontece por nossas escolhas? Bastantes eventos que acontecem são consequências das nossas escolhas diárias, da nossa vida. Mas tem algumas coisas que são fatalidades. Eu tive problemas de tragédias terríveis na minha vida de perder pai, mãe, irmão, marido... Você acha que nunca vai acontecer, que nunca vai acontecer com a gente...
LA: É sempre com o vizinho...
ISADORA: Não. Acontece com qualquer um. Um dia vai acontecer, sabe. Meu pai faleceu com 85 anos, minha mãe faleceu no dia que ela ia completar 75, no dia do aniversário dela, dois anos depois da morte do meu pai de meningite. O pai da minha filha, o meu marido, faleceu porque ele não cuidava muito da saúde dele, hipertenso, um dia teve um enfarto. Meu irmão porque andava de moto, um dia teve um acidente. Então, sabe, acontecem coisas na vida da gente que te deixam profundamente tristes e se eu não tivesse um bom Deus, um Deus tão maravilhoso, tão misericordioso, com quem eu ando sempre... Eu sou uma pessoa muito espiritualizada. Eu sempre andei em comunhão com Deus. Pedindo para Deus renovar minhas forças, sabe. Não só tentando ser um ser humano melhor... Quando erro, vou lá e peço perdão. Erro tentando acertar. Erro e não era isso o que eu queria fazer e peço perdão. Porque a vida é assim, ninguém é perfeito. Nós somos um leque de sentimentos, um leque de comportamentos, a gente tem que procurar acertar. Quando aconteceu essa avalanche de tragédias na minha vida num espaço de seis anos, se eu não tivesse o meu Deus misericordioso, com essa fé inabalável... Que a fé é a esperança de obter... Quando você passa por uma tragédia, você pensa, eu estou sentindo essa coisa horrível aqui dentro, esse desespero, mas, eu acredito em Deus, eu tenho fé que amanhã vai passar. Se amanhã não for de hoje para amanhã, é amanhã no futuro, porque tudo passa, até os momentos bons passam. Os momentos ruins passam, os momentos bons passam. Nós nem somos vivos, nós estamos vivos. O ser é definitivo, o estar é transitório. Se eu pensar “a fé é a certeza de obter” e eu tenho fé de verdade, esse desespero que estou sentindo nesse momento vai passar. Não é que passa, não passa. Porque quando você perde um ente querido, você fica com ele ali dentro de você pelo resto da vida. Acho que a dor da saudade não cura.
LA: Eu sei porque perdi pessoas assim também... Muito queridas... A gente nem se acostuma também com isso, A gente vai se conformando com o tempo. Vai administrando a dor.
ISADORA: Hoje eu transformei essa saudade num aliado de estar com eles dentro de mim. A minha mãe era uma mulher muito fervorosa. Acho que sou muito conectada com Deus, aprendi isso dela. Aprendi também a ser amorosa. Se bem que meu pai também era muito amoroso. Os dois eram muito, muito amorosos. Eu também acredito em família graças a eles porque eles eram iguais a pombinhos, super grudados.
LA: Ah... Vamos falar mais de você que estou adorando... Estou amando. Você me falou que é muito espiritualizada e eu também. Chega um ponto na vida da gente que se não formos espiritualizados, a gente se dana um pouquinho. Porque tudo na vida tem um certo sentido e a gente tem que procurar esse sentido. Você pensa assim também?
ISADORA: Tudo tem sentido, mas, às vezes, tem pessoas que são espiritualizadas por serem espiritualizadas. Eu dou mais valor a um ateu humanista porque, embora ele não acredite em Deus, tem um coração bom. Pessoas tem que ter compaixão da outra. Quando você tem compaixão com a outra pessoa, não tem a ver com religiosidade, nem com espiritualidade. Quando você tem compaixão pela pessoa, você não maltrata. Pensa antes de agir, etc, etc. Acho o que falta nesse mundo é a compaixão. Agora, se você vai achar isso no humanismo, ótimo! Perfeito! Se você vai achar isso no cristianismo, no islamismo, ótimo! Perfeito! No budismo, onde for. Qualquer religião, qualquer forma de espiritualidade que te faça um ser humano melhor, que faça as pessoas praticarem o exercício da bondade. Porque é uma auto disciplina praticar o exercício da bondade. É válido. Se a pessoa encontrar isso na religião, ok. Se não encontrar na religião, mas encontrar de outra forma, que seja. É o ser humano se lapidando. Porque a felicidade não está nas coisas materiais, que eu posso comprar. É claro que está nas nossas necessidades de comer, de se vestir, de viajar, etc. Mas a paz, a leveza, a suavidade, você não consegue com dinheiro. Então, para isso, tem que haver essa autodisciplina. Por isso que eu digo, é quase uma religião mesmo você praticar o exercício da bondade com você mesma. Eu Isadora, sei o que eu quero para mim. Eu quero minha família perto de mim, meus amigos perto de mim, quero dormir bem, quero acordar bem, quero estar saudável. Não dá para fingir que é feliz. Ou você é ou não é! Quero envelhecer bem. Se para outra pessoa é trabalhar 24 horas por dia e acumular dinheiro, ok. A pessoa optou por isso, faz ela feliz. Isso é ótimo. Eu também queria, eu podendo conciliar, só que, às vezes, para você ter um determinado estilo de vida você tem que cortar todos os gastos, cortar os pulsos, né? Mas tem coisas que você não teria se ficasse 24 horas por dia trabalhando e só visse sua filha à noite na hora de dormir ou dar um beijo na testa dela quando chegasse em casa com ela já dormindo. São as escolhas que fazemos na vida da gente.
LA: E as escolhas que a gente faz são para sempre, as consequências e os benefícios das nossas escolhas são para sempre. Você acha que o mundo hoje, daquela época de 80 pra cá, de 87 quando você começou sua vida pública, digamos assim, você acha que as coisas mudaram bastante, as pessoas se tornaram mais egoístas? Ou também existe o fato de que antigamente não tínhamos o acesso direto às pessoas via internet. Hoje se sabe mais de maus tratos com humanos, animais, enfim, hoje se sabe mais das atitudes terríveis do ser humano com mais rapidez e mais facilidade. Você acha que as pessoas eram assim? Porque no meu caso, eu me vejo uma pessoa que teve uma infância extremamente feliz, com carrinho de rolimã, jogando na rua, pé descalço, sentando na calçada, falando de assombração e brincando de queimada, essas coisas. Hoje os nossos filhos, não sei se a Valentina é assim, nossos filhos tem acesso à diversão através da internet. Você acha que o ser humano está cada vez mais recluso ou sei lá o quê? Vamos dar uma divagada e na interpretação da humanidade hoje em relação ao que foi ao nosso tempo. Acho que eu sou um pouco mais velho que você, mas, no tempo que era gostoso brincadeiras de rua. Dos muros baixos das casas. Hoje você tem que se trancar dentro de casa literalmente.
ISADORA: Se eu for fazer um paralelo de comparação entre o antes e o agora é exatamente o que você disse. Antes nós tínhamos mais brincadeiras lúdicas. Era brincar de boneca, brincar de carrinho, de carrinho de rolimã, era pique pega, pique esconde, brincar de roda... A gente sabia todas as cantigas de roda. Agora é a geração internet mesmo. E também em relação à imprensa, as pessoas tinham acesso à informação através de jornais, materiais impressos, revistas, nós não tínhamos internet, não havia o whats app, não havia as redes sociais. Então, essas pessoas que viviam no escuro, maléficas, os pedófilos, os agressivos, os maridos abusivos, os pais abusivos, os loucos, agora estão mais visíveis, existem vários olhos em cima deles. Eles sabem que mais dias ou menos dias eles vão ter o que merecem. E se por um lado perdemos esta parte lúdica das brincadeiras, hoje em dia ganhamos porque parte ruim ficou mais visível. Agora acho que temos que cuidar de nossos filhos, ensinar a ler, não é ler de alfabetizar, é ler bons livros. A Maria, por exemplo, a Valentina também, desde pequenina eu ficava junto e hoje eu vejo que a Maria faz isso com a Catarina. Graças a Deus, a Valentina minha filha adolescente, tem 14 anos, ela vê a rede social, mas ela não gosta. Não gosta de ficar fazendo pose pra foto, de aparecer. Ela não faz isso. Ela não gosta nem de tirar foto, às vezes, com a família, comigo, com a Maria, a Valentina e meu genro, ela não gosta, ela é avessa. É uma menina muito centrada. Estuda num colégio muito forte, mas eu estou aqui também, de olho bem aberto, porque é um colégio que reprova mesmo, não tem conversa. Ela tirou segundo lugar no ENEM aqui no Recreio. Então é uma coisa de você ficar de olho para formar o seu filho. Acho que é importante.
LA: O que fez você gostar da carreira de atriz? O que te levou a ser atriz? Era de pequena? Porque acho bem engraçado, antes que você responda quero fazer uma piadinha aqui. É engraçado porque as pessoas falam assim: “eu comecei atuar desde... um ano de idade”. Como a pessoa lembra disso? Tem artista que fala: “eu entrei no palco aos cinco anos de idade, aos seis...” Eu não me lembro de coisas de cinco anos de idade, de quatro anos. Enfim, você não é dessas não que começou aos cinco anos de idade? Ou quatro anos de idade, é? (risos)
ISADORA: Mas você sabe que é possível. A Maria, por exemplo, entrou numa peça sem querer, acho que ela entrou no lugar da filha da Luisa Thiré, no Auto de Natal do Tablado... A gente foi assistir ao espetáculo e daí a criança faltou no dia, não sei qual dos anjinhos faltou no dia, e a Maria tinha cinco anos e eu disse, “se você quiser a Maria é super esperta e a gente coloca ela”. “Ah... então vem, vem...” falou a Cacá Mourthé que era a diretora. Então a Maria participou desse Auto de Natal com cinco anos. Depois ela participou na escola de um musical que foi protagonista, mas eu nunca incentivei e ela também não quis continuar. Mas em relação a mim, não foi de pequena. Já foi maiorzinha. Quando eu tinha oito ou nove anos fui escolhida para ser a Branca de Neve na peça da escola. Minha mãe escolheu a maçã mais bonita para a bruxa me dar, eu morder e morrer lá...
LA: (risos)
ISADORA: E aí, quando aconteceu o ato, eu comi a maçã e desmaiei, cai dura. Então a maçã rolou para o lado e tinha um garoto, o Gerson, que era uma peste, pegou a maçã e começou a comer. Eu olhei e falei, “devolve minha maçã, que essa maçã minha mãe comprou pra mim!” (risos)
LA: (gargalhadas)
ISADORA: (risos) A Branca de Neve virou Branca de Nervos! Hahaha... Sempre gostei de espetáculos, sempre gostei de teatro, sempre participava das peças da escola. Depois eu me lembro; já maiorzinha, da idade da Valentina, devia ter uns 13 ou 14 anos, foi um diretor famoso se apresentar em Curitiba, me lembro do nome dele até hoje, Jérôme Savary, um diretor francês que fazia esquetes de humor negro. Tinha um esquete de irmãs siamesas, elas eram grudadas e apaixonadas pelo mesmo homem. (risos). Então, elas não queriam contar pra ele que eram grudadas, e tinha uma cortina e elas se revezavam para curtir o cara. Tinha um outro esquete de uma trapezista que cai e fica paraplégica...
LA: Nossa... É muito drama... (gargalhadas)
ISADORA: (risos) Ficou paraplégica e estava na cadeira de rodas se equilibrando. Então, quando o espetáculo estava na cidade e eu soube pela televisão, enchi, “me leva, leva, leva, leva...” Aí eu fui assistir. Sempre gostei muito de teatro, muito, muito. Fiz Faculdade da Cidade aqui no Rio, fiz Tablado durante três anos, com Bernardo Jablonski, meu professor que me deu muito timing de improvisação, de comédia. Aí comecei a fazer aula de canto, aula de voz, aula de mimi. Então foi todo um processo. Sempre amei teatro. Eu gosto muito de cinema, gosto de TV, mas se você me perguntar quais dos três eu gosto mais, vou responder sem sombra de dúvidas que é o teatro. No teatro você sente a reação da pessoa ali na hora. Como eu sempre tive uma formação teatral, quando eu faço cinema, pra TV, eu atuo para o pessoal da equipe que está ali atrás.
LA: No teatro você diz que sente a reação do público. A proximidade talvez, né? Algum ator me disse, não me lembro quem, em alguma entrevista, falou que sente a respiração do público. Se a pessoa está gostando ou não, como uma espécie de respiração, de aprovação ou não da atuação dele. O teatro realmente é uma das artes mais fantásticas que existe no planeta.
ISADORA: Eu não tenho essa vivência. Eu tenho a vivência de ficar 100% inteira ali no meu personagem, mas não no estilo de que não sou eu, é o personagem. É a Isadora usando a técnica de atuar e não querendo se dispersar. Não fico olhando se a pessoa da terceira fila não está gostando, se não, eu vou me distrair. Eu fico ali centrada 100%. Quando sinto a receptividade do público é depois na coxia, vão lá me cumprimentar.
LA: É muito bom, hein?
ISADORA: “Eu adorei! Nossa! Gostei” Quem não gosta não vai. É isso que a gente fala: “Quem gostar indica para os amigos e quem não gostar indica para os inimigos”, mas, indica o espetáculo!
LA: Me fala, essa peça, Diário de Bordo, qual é a história?
ISADORA: Eu até esqueci de te falar que eu fiz um musical onde eu era uma drag queen. Em 2019 estava em cartaz com dois espetáculos simultâneos, Diário de Bordo e Dei a Elza em Você que eu fazia uma drag queen. O Diário de Bordo, é um texto é da minha filha de uma antologia de contos, que eu tirei três história. A primeira é uma senhorinha no final da vida que fala sobre solidão dela e faço essa senhorinha, a segunda num esquete que se chama Nova York 1963 é uma moça solteirona que precisava casar, velhuda, encalhada, e que não era a preferida e sim preterida até pelos pais e pela irmã nova, ela meio gordinha, tudo estava errado pra ela, a irmão já tinha casado e tido dois filhos e ela lá encalhada... Um dia ela resolve pegar o dinheiro que o pai dela deu durante um ano para pagar a faculdade, trocar tudo em dólar e ir embora para Nova York, sozinha, isso em 1960, você imagina. Então é o conflito dela com a família e depois sozinha em Nova York. O terceiro esquete é um homem, machista, tem tantos desses hoje em dia no mundo. Um paulista executivo que vai passar férias no Marrocos, mas antes resolve ficar uns dias na Espanha e lá ele conhece uma guia de turismo que tinha uma mãe brasileira e o pai americano que morreram num incêndio e ela foi trabalhar de guia de turismo na Espanha e ela falava marroquino, falava árabe, então ela foi com ele para o Marrocos. Ele achando que ia “papar” ela! Ele machista, conquistador, galanteador e ele se deu mal. Ela simplesmente o despreza. Em um momento do esquete ela o larga lá e volta para a Espanha e ele fique simplesmente desesperado. Então, toda aquela faceta de conquistador, que ele estava apaixonado, vai por água abaixo, que é o palhaço do espetáculo. É um espetáculo muito sofisticado, literário, poético, eu mantive realmente o texto na íntegra, não quis passar para o coloquial porque a Maria ganhou prêmio de jovem escritora com ele, então, é um texto que não teria sentido passar para o coloquial. É um texto difícil de dizer, foi um desafio pra mim como atriz. Mas, por outro lado, é um espetáculo que me orgulho muito porque é rico! Com mímicas, canto, um pouquinho de dança também, pantomima, máscara, são três personagens...
LA: Um espetáculo...
ISADORA: Vocês vão ver a Isadora que não é a Isadora, são outras pessoas que estão lá no palco.
LA: Legal... Você estava fazendo em paralelo uma peça que era uma drag queen. Como foi fazer uma drag queen? Você conhece alguma, você pesquisou, você perguntou, como foi essa história?
ISADORA: Eu conheço várias, porque tenho várias amigas. Fui Madrinha da Diversidade no festival de diversidade aqui Rio, por isso que participei desse espetáculo Dei a Elza em Você porque ele já existia há muito tempo sem mim, acho que há uns 15 anos, que é do Fernandinho Giusti, e daí o próprio autor escreveu essa drag pra mim para eu ajudar na divulgação e participar desta temporada. Eu já tinha sido também madrinha da “Banda do Fuxico” em São Paulo. Tenho várias amigas drags, tenho várias amigas trans, eu sou fã número um do Ru Paul (A drag mais famosa do mundo). Agora só falta um episódio para ver o final, que não sei quem vai ganhar. Sou fã de várias drags internacionais, fico impressionada quando vejo. Tenho várias amigas drags aqui no Rio de Janeiro e todas essas drags do espetáculo são meus amigos. O meu produtor, que fizemos essas três temporadas no Rio e viajamos para apresentar em Curitiba também é uma drag, Dolores Del Rio. Então, esse universo todo já está implícito em mim. Não precisei estudar nada, só coloquei uma roupa que outra amiga drag de São Paulo que fez, me deu o figurino, e fui para o palco, sabe (gargalhadas).
LA: (muitas gargalhadas) Que delícia de conversa, a gente vai ter que terminar, infelizmente, mas eu quero te agradecer profundamente...
ISADORA: Aaahhh...
LA: Olha, se eu já te admirava, agora, com nosso bate-papo sou seu fã número um, não tem pra ninguém! Obrigadíssimo por tudo! Manda um beijo para a gracinha da Valentina...
ISADORA: Obrigada... Vou falar para ela...
LA: Minha ajudante técnica... Estou devendo a ela um dinheiro (risos). Diz a ela (risos).
ISADORA: Nada, que nada. Imagina, de jeito nenhum...
LA: (risos) Que bacana! Eu amei demais. Isadora, sucesso, eu espero te encontrar numa peça, ir lá no camarim, aplaudir. Que 2022 venha cheio de alegrias para vocês aí.
ISADORA: Todos nós.
LA: Sucesso para você, a arte em geral nesse país, que precisa muito de teatro, precisa muito rir. Esse papo nosso foi muito bom, com boas gargalhadas, muito divertido, gostei demais. Foi bom demais entrevistar você, não queria parar...
ISADORA: Eu quero agradecer imensamente a você, o Giovanni, ao canal Revista PORTFOLIO, o carinho que vocês têm comigo sempre, à nossa conversa descontraída, aos nossos risos... Que nessa pandemia Deus nos livre, nos dê livramento e para aquelas pessoas que estão lá sofrendo também. E que tudo volte ao normal porque estou com muita saudade de encontrar os amigos, de abraçar, de dar beijinho na boca, de tudo... E de trabalhar também, né? A gente precisa trabalhar para pagar as contas...
LA: A gente precisa muito!!!
Nota do editor: E chegou ao fim mais uma das entrevistas que me fazem amar o meu trabalho! Definitivamente, o L A aqui de vocês, sai da cadeira com a sensação de mais um trabalho cumprido com muito amor e carinho! Difícil não gostar da leveza, do humor e da forma incrível que a minha entrevistada leva sua vida e sua carreira! E fica a pergunta: A gente precisa ter menos nóia nesta vida, não acham?
Ah, gravadores e câmera desligados continuamos uma deliciosa conversa onde rimos muito. Definitivamente foi um dia e tanto!
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