08 de JUNHO de 2020
O cinema é uma arte transversal. A música e a moda, por exemplo, são alguns dos gêneros artísticos que compõem o universo de um projeto audiovisual. Com o título “Sonhar Colorido Faz Bem”, o 27º Festival de Cinema de Vitória traz o conceito de transversalidade para sua identidade visual, ao unir o cinema e as artes visuais, tendo como inspiração a obra do artista Hélio Coelho.
Repetindo a parceria de sucesso realizada em 2019, a artista de formação, crítica de arte, curadora e produtora, Neusa Mendes, um dos nomes mais respeitados nas Artes Plásticas do Espírito Santo e do país, além de trabalhos reconhecidos internacionalmente, volta a assinar a concepção da identidade visual do Festival de Cinema de Vitória. Os trabalhos de Hélio Coelho, escolhidos para ilustrar a marca e a programação visual do festival, foram as obras “Helicóptero”, datada de 1985; e "Pele", de 2002, que fazem parte do acervo da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES).
“O título e a visualidade criados pelo artista assumem contornos, ora definidos lembram formas marinhas, noutras se assemelham a espaços urbanos, sensação de paisagens organizadas, e em outras, formas vitais e obsessivas de signos do planeta: figuras humanas, flora, fauna, símbolos sociais, e históricos” explica a curadora.
Neusa vê uma relação entre a obra de Hélio e o momento atual, em que o mundo está se readaptando em função do Covid-19. “É incontornável não aludir ao tema que domina o mundo neste momento: ‘a guerra contra um vírus’ que pausou o mundo’ diz a artista. Para o povo Yanomami, o branco que não conhece o segredo da criação, mexe com as regras de “Omana” por sua avareza e cobiça material: ‘escavando tanto, os brancos vão acabar até arrancando as raízes do céu’. A obra “Pele” opera como método e materializa o seu desejo de transformar o mundo em uma representação espiritual, mediando os conteúdos simbólicos dos Yanomamis”.
Para a diretora do Festival, Lucia Caus, é uma honra ter o trabalho do artista nesta edição do evento. "A obra de Hélio Coelho trata de assuntos que dialogam diretamente com o mundo contemporâneo, como a natureza e a espiritualidade, e tendo a profusão de cores como um dos elementos da sua criação. Jogar luz sobre esses temas e sobre o trabalho deste grande artista é uma honra para o Festival de Cinema de Vitória”.
O ARTISTA
Autodidata oriundo de Resplendor (MG), e residente há anos no município de Vila Velha (ES), Hélio Coelho é designer, artista plástico, ilustrador e produtor gráfico. Realizou sua primeira exposição no Centro de Artes da UFES, em 1980, e não parou mais, se tornando referência e um dos artistas mais importantes da cena cultural capixaba.
Em mais de 30 anos de carreira, seus trabalhos já estiveram em exposições individuais na Itaú Galeria, em São Paulo; na Galeria Ana Terra e na Matias Brotas, no Espírito Santo, além de mostras coletivas no Museu de Belas Artes, no Rio de Janeiro; na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP), em São Paulo; e no Museu Vale, no Espírito Santo.
No seu currículo constam premiações em salões e várias mostras coletivas, tais como prêmio aquisição no "I Salão Nacional de Arte do Espírito Santo" (década de 80), prêmio aquisição no "I Salão de Arte da Câmara Municipal de Vitória" (década de 90) e prêmio aquisição no "III Salão de Artes Plásticas" promovido pelo Departamento Estadual de Cultura, atual Secretaria de Estado da Cultura (década de 90).
NEUSA MENDES
Mineira, Neusa Mendes vive e trabalha em Vitória desde 1971. É Mestre em Comunicação e Semiótica pela Universidade Católica de São Paulo. Foi coordenadora de Artes Plásticas da Universidade Federal do Espírito Santo de 1980 a 2002, e de 2012/2018. Escreve textos para catálogos, livros e revistas especializadas em artes, tais como: “A espera de Elisa", (2012); “Os dois lados da janela: Orlando Farya", (2015); "Marcus Vinicius: a presença do mundo em mim", (2016); “Delicadeza e Preciosismo: Hilal Sami Hilal”, (2013); “A Prosa do mundo – Hilal Sami Hilal”, PUBLICAÇÕES: artigo, “As obras de Dilma Góes são fábulas para o n º 49 da revista Arte & Crítica da Associação Brasileira de Críticos de Arte”, Revista ANIMA: “Mestre Neusso” para a revista Anima Mag n º 4, ( 2018), “Tudo bem, mãe (eu só estou suspirando)” e também “Há na obra de Dilma Góes uma dualidade: De um lado, a recusa de não se afastar da manualidade do outro lado a ideia que a artista está ancorada no presente” ambos nº 5 (2019).
Realizou curadorias, tais como: “TRÍADE: LINHA, PLANO, IMAGEM Local: Museu Vale( 2019), e também a exposição “20/20” Museu Vale (2018), "Constelações", no Centro Cultural Da Maya, Bagé/RS, (2013) e também no Palácio Anchieta, Vitória/ES, (2016); "Múltiplos Sentidos", (2011); "Itinerários", (2012); e "O peso exato dessa leveza", (2015), na Galeria Mathias Brotas, Vitória/ES, (2015); "Casa Corpo", no Sesc Glória, em Vitória/ES, (2015); "Simplesmente Pintura", na Galeria Ana Terra, Vitória/ES, (2014); "Horizonte", (2014); "HEY JACK, O Novo Figurativo de Dias Sardenberg", (2015); e "Tecendo", (2016), todas na Galeria de Arte Espaço Universitário/UFES; “Chiado - Carmo, Metrópolis eu-topia / Artes na Esfera Pública”, em Sorbonne 1 Panthéon/Paris, na Galeria de Arte Espaço Universitário/Brasil, e no Museu Arqueológico do Carmo/Lisboa, (2016).
Idealizou o programa de residência artística “Mas que arte cabe numa cidade?", em Viana/ES, nas edições de 2010 a 2013. Diretora Artística do 26º Festival de Cinema de Vitória, Vitoria ES (2019), Curadoria e Residência Artística: “Investigação da obra da artista Nelma Guimarães/Chapada Diamantina, Brasil também em (2019) “investigação, inventário e organização do espólio artístico do artista Carlos Henrich em Lisboa/Portugal/PT. Desde 2017 é membro da Associação Brasileira de Críticos de Artes (ABCA).
INSCRIÇÕES