23 de MAIO de 2023
A menopausa é uma data que marca o final da menstruação no corpo da mulher por um ano seguido. Apesar de muitos tabus e mitos sobre este tema é importante esclarecer a respeito dos cuidados e tratamentos existentes para esta fase.
Alguns anos antes da mulher entrar na menopausa, o seu corpo já sofre impactos físicos, sociais e psicológicos. A fase que antecede a menopausa é denominada climatério e inicia em torno dos 45 anos. Neste período, as mulheres passam por transformações biológicas devido à queda da produção endógena estrogênica, androgênica e progestagênica decorrente da falência ovariana.
Esses hormônios estão ligados diretamente ao desenvolvimento sexual feminino, possibilitando à mulher fertilidade e os níveis normais desses hormônios fazem com que se mantenham o desejo sexual, a produção mineral óssea, a memória, o sono, a proteção de doenças cardiovasculares, a manutenção de colágeno, o viço da pele e mucosas e a lubrificação vaginal.
Como esses hormônios diminuem significativamente na menopausa, a mulher passa a sofrer com as ondas de calor (ou frio), envelhecimento e secura da pele, ressecamento e atrofia vaginal, incontinência urinária, enfraquecimento ósseo, problemas de memória, irritabilidade, insônia, ganho de peso e consequentemente aumento do risco de doenças cardiovasculares, como diabetes e hipertensão.
Infelizmente, muitos profissionais da saúde ainda encaram com descaso as queixas das pacientes, quando as recebem no seu consultório. Muitos, inclusive, desencorajam-nas a não fazerem a reposição hormonal, baseados em artigos científicos com muitos vieses.
Uma pergunta frequente das mulheres é em relação à sintomatologia. Muitas acham que o fato de não sentirem absolutamente nada na menopausa, faz com que elas não devam fazer a reposição. Porém, essa ideia é equivocada, já que a reposição é capaz, não só de, a longo prazo, prevenir a osteoporose, como também a doença de Alzheimer. Portanto, mesmo que ela não tenha sintomas, caso não haja contraindicação, ela deve sim procurar ajuda e realizar a reposição.
Uma equipe da pesquisa desenvolvida pela Universidade de East Anglia, da Inglaterra, analisou dados de um estudo de saúde cerebral já em andamento do Consórcio Europeu de Prevenção da Demência por Alzheimer. Ao todo, foram analisados os cérebros de 1.906 pessoas (sendo 1.178 mulheres) com mais de 50 anos em 10 países que não sofriam de demência quando ingressaram no projeto.
Os participantes passaram por testes cognitivos e exames de ressonância magnética e de volumes cerebrais. A partir disso, foi possível perceber que as mulheres que passaram por terapia de reposição do estrogênio perdido na menopausa – um tratamento comumente utilizado para controlar os sintomas deste período de mudanças hormonais no corpo da mulher – tiveram melhores índices de saúde neurológica, como melhor memória, melhor função cognitiva e maiores volumes cerebrais ao longo do tempo.
São pouquíssimas as contraindicações para realizar a terapia de reposição hormonal. A principal delas é a mulher ter feito tratamento prévio de câncer de mama. Caso ela tenha histórico de câncer de mama na família (mãe, irmãs, tias), ela deverá realizar investigação genética com o seu mastologista para avaliar os riscos e benefícios de se fazer a reposição.
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Não menos importante, a função sexual entra em declínio também com o avanço do status da menopausa. Os sintomas mais frequentemente relatados incluem diminuição da libido (40–55%), lubrificação deficiente (25–30%) e dor na relação sexual (12–45%), uma das complicações da síndrome geniturinária da menopausa, que é quando há ressecamento vaginal e a mulher fica com dificuldade para ter relação, pode doer, machucar e até perder urina nessa fase.
O tratamento deve ser individualizado, levando em consideração a gravidade dos sintomas, potenciais efeitos adversos e preferências pessoais. A via de escolha que pode ser oral, transdérmica ou através de Implantes subcutâneos e deve ser particularizada para cada caso.
Portanto, para viver melhor durante e após a menopausa é preciso encarar esse momento de vida da mulher com mais zelo e cuidado e menos descaso. Profissionais atualizados podem realizar a reposição hormonal das mulheres com responsabilidade, proporcionando-lhes qualidade de vida no que corresponde a cerca de um terço (1/3) de suas vidas. Logo, com o aumento da expectativa de vida, o bem-estar é a melhor proposta para a mulher moderna.
Anamarya Rocha é ginecologista e sexóloga, especialista em ginecologia endócrina.
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Endereço para correspondência
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